Muita gente busca a felicidade e esquece que ela está bem perto de nós
Por Eda Fagundes • 15/08/2007
parte 1
A felicidade parece ser campeã unânime no ranking de desejo das pessoas.
Independentemente de raça, cultura, condição financeira, em diferentes épocas
e nos mais diversos cantões do país e do planeta, no fundo o que queremos é sermos felizes.
Alvo cobiçado por todos e conquistado por tão poucos nos leva a refletir sobre as questões
que estão envolvidas na obtenção desse sentimento, estado de alma e de espírito.
É preciso urgentemente percebermos que idealizamos demais o que é a felicidade e
desde pequenos estamos acostumados a vê-la como algo que está localizado no futuro e que virá ou não.
O que não estamos acostumados é agir de forma a construir os estados emocionais que vão acompanhar os acontecimentos de nossas vidas.
Não sabemos o que o futuro nos reserva, pouco ou nenhum controle temos sobre isso,
mas a maneira como vamos absorver os acontecimentos, o tamanho dado a eles, depende de nós.
Esse é o verdadeiro poder. A construção da felicidade se dá no tempo presente e depende
em grande parte de nossas atitudes e tomada de posições na vida.
Custamos muito a entender que a felicidade pode estar no real e que os sonhos
e fantasias construídos ao longo da vida podem não ser realizáveis na forma idealizada.
parte 2
A vida é agora. Está aí para ser vivida e saboreada, sem culpas desnecessárias e medos imaginários
Quando crianças pequenas achamos que seremos felizes quando aprendermos a ler;
quando lemos, a felicidade está quando acabarmos o curso fundamental;
quando acabamos, quando será o primeiro amor; quando amamos, quando casaremos,
nos formaremos, formaremos família e de preferência com lindos e heróicos maridos,
casinhas com flores na janela, romance no ar o tempo todo, filhos perfeitos e
educados, olhares lânguidos e paixões avassaladoras.
Beleza, magreza e eficiência também estão nesse pacote.
Não é difícil imaginar o resultado de tantos anos de idealização: frustração,
muita frustração e a sensação ilusória de que a vida do outro é melhor,
que a grama do vizinho é mais verdinha e de que conosco não deu nada certo.
Está formado o quadro antifelicidade. A idealização tem o poder de nos elevar,
mas tem também o poder de nos iludir. A felicidade é um estado de espírito
que tem a ver com a maneira como lemos o mundo e lidamos com o real.
Não é um sentimento absoluto e excludente de quaisquer outros.
Podemos ser felizes e estarmos preocupados, tristes e melancólicos ao mesmo tempo.
A vida real precisa ser vista como é: dinâmica, com coisas boas e ruins,
altos e baixos, assim como todos os outros fenômenos da natureza.
Aliás, não há nada que só tenha um lado e jamais encontraremos
a plenitude negando o lado negativo ou desagradável das circunstâncias.
parte 3
Somos os personagens principais de nossas vidas e temos mais poder do
que pensamos em relação aos nossos "destinos". É verdade que precisamos
desenvolver a coragem, aquela que não permite que o medo nos aprisione.
É verdade que precisamos parar de nos vermos como vítimas, seres passivos e sofredores.
É fundamental que possamos abrir mão do impossível controle, e evoluirmos na arte da entrega.
A vida é agora. Está aí para ser vivida e saboreada, sem culpas desnecessárias e medos imaginários.
A dica é curtir o caminho porque a sensação de que a felicidade está na chegada é a mais cruel das ilusões.
Olhem em volta, aproveitem o momento, busquem sempre o que lhes cause bem estar e sensação de leveza e,
nos momentos difíceis, tenham a certeza de que o movimento da vida é ondular, portanto, tudo é transitório.
Com mentes e corações abertos certamente encontraremos com facilidade a tão almejada e rara felicidade.
Eda Fagundes
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